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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Domadora do jacaré Tic-Tac

Eternidade é essa avenida que quando passo faz o tempo parar. Tantas questões baratas como caras, não posso mais comprar. Prefiro percorrer a pé numa corrida louca o qual tento absorver as pedras no meu caminho. Elas são solúveis ou insolúveis? Poderia segurar em minhas mãos quando eu precisar atravessar? Poderia entender que tudo isso é tão temporário como a tarde ociosa, como a manhã ensolarada, como a noite escura. Odeio como falam que tudo é finito e definitivo. Falam isso porque nunca ficaram órfãos da ameaça real do tempo. Pedir um tempo para pensar ou mais tempo para o momento. A falta que tanto desfazia-se, agora se faz. Agora que eu tanto fiz para um tempo, desfaço-me perante ele. O tempo, esta renovação psicológica, preciso fazer o mais cedo possível. O tempo que parece ter voracidade sobre a vida. Ele que me escraviza, que me faz tão fugaz e até capaz de apresentar dúvidas sobre a Terra do Nunca.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Perante o céu e o inferno, teu grande coração

Eu preciso dormir, mas mesmo que parto, não chores. Ao invés de repartir o pão, deixei-o todo para você. Espero que encha tua barriga para toda eternidade, assim mesmo a qual parti. Espero mais, espero que conheça o sinônimo de liberdade e paz duradoura. Espero muito mais, espero que plantes invisíveis sementes e que tornam-se gigantescas a visão até dos que parecem não merecer enxergar. Minha filha aprenda a perdoar os aparentes, a perdoar-se, a perdoar todos eles que desconhecem o perdão, perdoa-me por partir tão cedo, mas na hora certa. Não posso me atrasar, tenho que descansar no paraíso e partir para uma nova jornada. Já arrumei minhas malas cheias de causas, não cabe mais nada ao não serem os efeitos. Lembre-se, se eles possuem medo de cuidar de ti é porque sabem o quanto sabes cuidar de si. Eles que tanto tem medo de ouvir o teu não por tanto me acompanhar. Perdoa-me se logo parto sem avisar. Dessa vez você não pode vir, tens que ensina-lhes tanto como o tanto que me ensinou: sorria mesmo que a casa cair, que o café estiver aguado, que não tiver motivos. Ensinou-me tanto garota, logo torna-se moça.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Nem falo direito

Pego esta folha, logo escrevo. O peso dos meus lábios me silenciavam. Tantos portantos e poréns que até me calo e abro mais meus olhos. O que não consigo falar cria forma e torna-se um pensar ambulante. Mas desconhecida, falaste tão bem do meu esforço que parece ser o certo e o bem feito de para a humanidade. Poderia-me deixar arrastar nos malditos prazeres em vão e condenar-me em uma prisão perpétua dentro de um lugar fechado qualquer, porém não permito-me. Deixo então a porta entre a aberta. Deixo o telefone tocar. Deixo as luzes da sala acesas e logo apago. A arma em minhas mãos, deveria acionar o gatilho? A única vítima tão inocente é a própria culpada do crime. Essas palavras perpetuam na mente. Tenho medo de perde-las enquanto não dou-lhes forma. Pego então um papel e anoto. As palavras não ditas, gritadas na alma, saem como resmungos da boca para fora. Tudo isso que nunca consegui dizer, eu grito para mim mesma o porquê da dificuldade de traduzi-las em sons, em palavras. Porque na verdade sacrifico palavras, porque tem horas que o silêncio delas dizem mais do que eu preciso falar. Mas aí me pergunto, quanto tempo durou essa semana de tantos dias e anos? O mesmo tempo que esperei as palavras formarem-se, o mesmo tempo que entendi que tem coisas que as palavras apenas não dizem e tomam forma de silêncio.

Nem falo direito.