Páginas

sábado, 31 de janeiro de 2015

Confissões e gotas d’água

Ás vezes me sinto uma criança amedrontada com medo do barulho da chuva, do rádio, da televisão, do armário, do desconhecido o qual bate em minha porta, do silêncio... Porque quando me silencio, essa tempestade aumenta.

Minha criança, pior que monstros dentro do seu armário, é esse quarto. Um quarto qualquer, mas especial para tal respiração, tal decoração, tal silêncio, tal pensamento, tal torrente d’água. A chuva que cai nesse quarto e não molha só por fora, mola é a alma de lembrança, e sou eu quem se apaixona por esta. Sou eu quem se apaixona pela canção calma e triste. Sou eu quem se apaixonada por tal recordação da infância, lembrando de que ainda sou uma criança que tem medo do barulho do trovão. De ficar sozinha na escuridão.

sábado, 17 de janeiro de 2015

O mais belo ninar

Não sei dizer-lhe o porquê, mas ouvi em meus sonhos aquela canção que acalmava meus males, aquela que indiretamente indicou-me, e se não foi a intenção: já foi-se. Pode ter sido tua voz me consolando sobre tudo, sobre nada, sobre as três existências: passado, presente e futuro. Você sabe sobre meu descontentamento quando não dou o meu melhor: escrever, escrever e escrever. Conhecemos os momentos de tormentos, mas muitas vezes são como tempestade em copo d'água. Nada é em vão, nada é para nada. Nada se compara ao movimento lento desta terra ou dessa lágrima. Já choramos demais, não deveríamos chorar mais. Deveríamos usar colírios que dilatassem mais que nossas pupilas, deveríamos dilatar o pensamento, porque nos momentos de lucidez, como luzes de vaga-lumes, nos guiam nesse túnel profundo, cruel e escuro. Que houvesse mais momentos assim, de lucidez, onde surgisse: "Mas está claro, é tudo um reflexo de minha mente".  Ah, mas a teoria, sempre tão bela... Árdua é em vida.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Anacrônica

Penteava os cabelos assim como uma princesa, como forma de passar o tempo. Passa tempo, mas o tempo não passa. Lia um livro inteiro como que quando acabava esta, conhecia todo o conhecimentos existente. Passa tempo, mas o tempo não passa. Ouvia músicas clássicas com pose de quem apreciava, mas esperando o tempo passar. Passa tempo... mas o tempo não passa. Os matemáticos não precisaram formar teoria alguma, simplesmente concluíram que ela não sabe olhar as horas, pois para eles o tempo passara. Mas enquanto isso passava o tempo... mas para ela, o tempo não passa. Será ela rainha da eternidade e ainda não percebeu? Será ela dona do tempo-espaço ou viajante do tempo congelado? Criança já não era mais para brincar com passa-tempos...Talvez seja por isso, quando crescemos o tempo não passa e assim que percebemos, ele já nos ultrapassou... Quantos anos ela tinha mesmo?