Ás vezes me sinto uma criança amedrontada com medo do
barulho da chuva, do rádio, da televisão, do armário, do desconhecido o qual
bate em minha porta, do silêncio... Porque quando me silencio, essa tempestade
aumenta.
Minha criança, pior que monstros dentro do seu armário, é
esse quarto. Um quarto qualquer, mas especial para tal respiração, tal
decoração, tal silêncio, tal pensamento, tal torrente d’água. A chuva que cai
nesse quarto e não molha só por fora, mola é a alma de lembrança, e sou eu quem
se apaixona por esta. Sou eu quem se apaixona pela canção calma e triste. Sou
eu quem se apaixonada por tal recordação da infância, lembrando de que ainda
sou uma criança que tem medo do barulho do trovão. De ficar sozinha na
escuridão.