Tudo possuía som e todos os sons tornaram-se barulhentos. As
melodias caóticas, as notícias dos telejornais caóticas, o trânsito caótico,
pessoas caóticas, mente caótica. Num capricho da imaginação, uma tentativa de
paralisia, num devaneio, pensava numa dança. Assistindo sua dança envolvente e
o caos percorrendo-lhe o corpo... Mente caótica, olhar sereno. Sua dança dos
extremos era envolvente, envolvente demais, ao ponto de se acreditar além do
que está nas imagens construídas na televisão. Riscados. Rabiscados. Abstratos.
O desfoque em si era a nitidez. Beija-lhe a face obscura e aceita esta balada
confusa com carinho. Confusos e marginalizados do padrão, como o feio poderia
ser tão belo?