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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Flores,será? Flores,seremos?

Inocência, que dor sinto por racionalidade alguma te consolar. Prometi de frente aos olhos da revolução, cuidar de ti como uma flor bonita, porque bonita já és, mesmo que arranquem suas raízes e queimem teu caule e cada pétala tua como se fosse frágil perto das mãos da podridão.


E se não fosse as flores, não saberia que cidades eram catástrofes. Grande náusea esta de calçadas, faixas de pedestres e automóveis... Até os efêmeros foram aprisionados com cimento cinza. Alguns até precisaram de cicatrizes. Triste saber que disso os românticos nunca sofrerão, apenas disso, nada mais.


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Já é cedo, já é tarde demais

Tanto, mas tanto potencial e nenhum ato. Péssima bailarina, inerte dançarina. A canção te chama, e tu, danças? Péssima, péssima, horripilante. Uma vergonha. Diz-se exilada, não enxergo opressão alguma... qual é teu problema? Impossível relevar, o cume é um dos mais altos das montanhas. Estabelece relações infinitas com os efêmeros...elas tornam-se findas como ossos. Invente fábulas e poemas sociais para sustentar suas palavras anteriores e superar o que a ciência faz com tua pele. Oxidai as nada cândidas lembranças, oxigene as fotografias e não olhe mais para o espelho,o qual tem refletido esse teu crescimento que veio de lagos cheios d'água, belas mágoas.


domingo, 19 de outubro de 2014

Canário sem cor

Preso passarinho, é o que você está, numa gaiola envolta de carne e sangue fervente, conhecida também como corpo humano. Como foi parar aí, seu louco? Foi sequestrado ou livre-arbítrio? Louco pássaro, parece que cortaram suas asas, parece que você nem sequer piou quando o fizeram. Gritasse, falasse, gemesse...mas não disse. Canta, canta a liberdade que procura e espanta, espanta a melancolia... Por que não canta mais? Prefere viver em cativeiro? Pássaro, você é louco, mas astuto, sabe que a carne não aguenta tanto. A carne é podre, o coração já não sei dizer. Bica ele, quem sabe ele te solte do frouxo jeito que é.

sábado, 27 de setembro de 2014

Norte ou Sul?

Os dias passam. O tempo não para. O tempo flui. Nada mais explícito que isso, de resto abstrato. Eu não entendo o que quer , o que me tem a dizer... Sabe, nem cursei teatro ainda e já me enxergo como uma bela atriz desse drama do in-sucesso mundo particular. Tudo é uma farsa, o não querer, o não sentir, o não saber, o não conhecer, o não é simplesmente uma mentira. O chorar que sempre fez parte da encenação foi verdadeiro, mas provisório. Em momentos de total descrença, a quase rendição de entregar-me aos ideais que não eram meus, consequentemente, minhas ideias todas se esquivaram para outro plano: para o fundo do oceano. Fui à busca delas, nas profundezas. Fui à busca dos meus princípios, os quais afundaram como barcos há muito tempo, pois da superfície, nada se criava ou transformava, tudo se perdia. Assim, muitas circunstâncias claras, tornaram-se escuras. Se tivéssemos lampiões ou lanternas, tudo seria mais fácil de esclarecer.

sábado, 6 de setembro de 2014

Amargo e aguado

Mudaste algumas certezas para não me magoar, não tem porquê...Para ajudar meu analista...Desculpo-lhe. Mas se eu quiser te amar, ainda? Sei que não vai estar, hoje não vai dar. E por favor, não me indique ninguém, pois não aguento mais me machucar. Não quer que eu vá embora, quer que eu tome mais uma xícara de café? Mas teu café possui um bom gosto assim como tu és, mas frio. Mais frio. Deixei esfria-lo porque estávamos conversando. Por que tão frio teu café? Mas se eu quiser, esquentaria para mim? Sei, você não vai estar. Mudei minhas certezas também e meu analista, bem...sente outro aroma por aqui. Adeus, hoje não dá mais para mim, não aguento mais um gole frio do teu café que passou a possuir mais água do que próprio pó. Guardava metade para outra xícara. Talvez a outra não esfrie quanto a minha, talvez irá incendiar o corpo de quem tomar...Que bom. 




segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Cardume quase humano

Faz algum tempo que não me peço nada de escrever. Meu momento sugere calmaria, pede por silêncio. Se eu fosse um peixe teria total razão, fazer nada seria a minha função... É uma pena não ser um peixe, mas não sinto que seja uma pena ser humana. Ter pernas, braços e nenhuma pena disto. Ser vertebrada sem escamas e fazer qualquer coisa, menos apenas nadar. Espero que eu saiba conciliar caminhar com o silêncio que existe somente no fundo do mar.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Borboleta

Mística organização universal e sua incalculável imensidade, no planeta onde habito já se passaram 365 dias de um ano atrás. Parece engraçado, não? Eu também acho. Mas, além disso, um real passar de tempo, um crescimento, contudo não apenas das sementes ou das lagartas ou das mentes, mas do bonito e intocável: a metamorfose em si. E quanto mais mutante ser, mais belo do que já foi. Refiro-me as pétalas que caem para formarem outras, do casulo e da adrenalina que ocorre no cérebro... Digo sobre o meio melodramático de que não se tem certeza do após e a única certeza é o passado (mas este, já está bem passado). Ah, esse meio da história, podemos enxergar um período de seca exterminável para todos, água para os realistas e para os mais criativos, néctar. Porque a única certeza da qual tenho tido não é nem mais sobre morte e sim, sobre as metamorfoses, muitas metamorfoses, muitas mudas para os insetos e revoluções para os humanos.

sábado, 14 de junho de 2014

Ode ao anônimo, mas que bem conheço

O que são os anos perto da morte? O que é a morte perto dos anos? Meus pêsames não pesavam nada perto de uma construção... E de repente, tudo que se foi construído já não passa de uma camada feita de madeira, outra de concreto e outra repleta de flores. Este é um coma, bem mais que alcoólico. Os olhos fundidos, torrados. O coração grande e lesionado, e os lábios cerrados... Mas que brincadeira de mau gosto é essa? A metáfora tornou-se literal.


sábado, 31 de maio de 2014

O mundo é uma laranja... E eu não sei descascar

Tudo é tão irregular quanto às dobras do meu jeans. A crosta grossa mais que a terrestre, a atmosfera que se tornou um ar viciado, a superproteção nada heroica e entre outras mil características da qual acrescentaria para o medo de errar que temo. Temo falhar com o que me proponho, pressuponho, ou com que precipito. E ainda saber que minha visão de mundo é pequena, e ainda saber que tem um mundo lá fora me esperando para realmente conhecer o que é mundo... Mundo é tudo aquilo que me faz sentir que tenho muito ainda a conhecer diante dessa imagem que tenho do meu pequeno e grande mundo. Esse meu mundo onde apenas enxergo minhas próprias duas mãos e esse sentimento de mundo. 
A nós, cavalheiros errantes, tanto quanto andantes, gostaria de brindar Dom Quixote de La Mancha, nossa forma mais que metaforizada, que tinha razão desde os primórdios: o mundo é gigante e é um moinho também, mas nem por isso deixaria de cavalgar.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Olhos nus não enxergam moléculas de novas perspectivas

Antes de um novo parágrafo, deveria existir outro e se não outro, uma vontade de existir. Não conto o número de letras, parágrafos ou folhas, dou-lhes um desconto. Tudo é tão estranho. O tempo passa, as pessoas passeiam, os objetos continuam inertes se nada os rompes da inércia... Nada tão peculiar, ao não ser eu que era mais objeto do que as pessoas. Sempre peculiar. Conheço a lei natural das coisas que são visíveis: enquanto invisíveis, é uma mentira dizer que já existiu ou há de existir. Uma essência não é nada sem uma forma e uma forma não é nada sem uma essência. Já fui crente da geração espontânea, mas seguindo essa linha de raciocínio, tudo se fracassaria por si só. Percebo que assim como eu, a vontade possui sua inércia... Mas que preguiçosa ela. Ambas precisamos de fonte de vida e continuar vivas. Onde eu encontro ou onde posso procurar? O que fazer enquanto o tempo faminto devora-se cada vez mais depressa e não encontrei o remédio para diminuir essa velocidade? Transformar matéria-morta em matéria viva. Catalogar cada solução, mistura-las e transforma-las novamente. Ah, eu e minha vontade, podemos ser uma solução, mas quem realmente nós somos? Alquimistas de uma salvação.

domingo, 30 de março de 2014

Meteoro sentimental

Chorar junto das nuvens, elas não parecem mais serem de algodão... Na verdade, agora, são cinzas. Elas me traduzem, sabem como o tempo está nublado aqui dentro e choram junto de mim. Será compreensão ou apenas reflexão do que minhas pupilas sentem? Elas se expressam muito melhor que o resto do meu corpo... As pupilas ou as nuvens? Não faz diferença, é tão indiferente que se torna una o que elas tem em comum: elas choram; De tristeza, alegria, raiva ou uma emoção qualquer. Elas passarão e eu, passarinho. As emoções ou as nuvens?... Diante disto tudo, acabo de me assumir sentimental-meteorologista.




quarta-feira, 5 de março de 2014

Quase oculto lado

Eu vejo faces mais escuras do que da Lua. Nesse céu ofuscante, estrelas já não há... Apenas nuvens pesadas de gotas d’água. Não há consolo que me faça acreditar que crateras não se comparam com catástrofes. Ah, mas a noite é tão bela, por que tão masoquista escurecida? Ela quem tanto me fazia rir dessa minha hipérbole e acreditar que há muito, até demais, dos corações para serem explorados e que nunca se esgotaria tal fortuna. O que será de mim fases, dias, séculos, eras com a sua escuridão eterna?

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Nas horas vagas: plástico descartável

Cantando aos sussurros e aos ventos. Confiro onde estou e este lugar cuja minha presença se faz dádiva não é minha casa... Mas onde é minha casa? Cada vez mais acredito em um universo paralelo, e se pelo menos um existir e se meu sonho, se o sonho desta pele, carne e osso for atingir outro plano, é porque a vida humana então é uma merda. Simplesmente, esqueço essa teoria, mas permaneço pensando derivadas de tal. Atingir outro plano, um plano racional ou irracional, onde a resolução seja tão bem focada que beiramos a perfeição. Pois, penso: essa mente, essa residência, essa calmaria e euforia não são à toa. Em vão tento descomplicar as coisas todas do mundo. Enquanto sacos de novos velhos pensamentos têm sido acatados, peso-me e penso. Os cabelos esvoaçantes, o rock no rádio e o plástico que envolve o "milk-shake" tem sido a minha distração momentânea. De curto momento, mas necessária. Sinto-me fútil, de ambas as formas de se pensar, mas necessária. Quantas vezes já não me comparei com descartáveis? Como resolver essa charada chamada silêncio tão pensador quanto o próprio ato de tentar pensar? Distinguir diferentes coisas não é fácil para ninguém, mas quando se conhece o caminho para a fonte... Aí é outra história. Por enquanto, a história continua a mesma. Mas, se erro, é porque sou de humanas. Humanos não se descartam assim tão facilmente.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Moça

Dos pretos, dos pretos e rosas. Do vestido rosa de comprimento no meio da coxa, do gótico preto no olho e no cabelo. Sei fingir neste mundo a tal confusão com tal forma inocente. A vontade de ser punk esconde-se debaixo de um vestido, dentro do peito e da mente turbulenta. Não saber quem é, torna-se nessa idade, normal. Quem já não teve crise existencial?