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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Meu querido confessionário

E como se tu fosses meu diário, confesso-me: Sei o quanto eles gostam dos segredos via lábios molhados ou ressecados, sei que gostam das declarações de amor e de paz e o não a guerra, mais internas do que externas.  Dizer; Falar; Nunca me foi nada perto das palavras escritas. Não, não estou dando os motivos ou satisfações para falar menos que a boca, ainda não, mas posso te dar-lhes: gosto do impacto que causa nas pessoas o falar de quem pouco fala, a importância que dão para cada palavra dita, o soar delas e o silêncio dos ouvintes educados e emprestadores de sua atenção. Poderia comentar também o como acredito que essa característica seja algo que não é estranho, mas sim, bem familiar. Entregaria uma folha em branco aos meus pais, aos meus avós e aos meus tios, e não seria surpresa alguma que surgiria dali grandes confissões fantasiadas de metáforas. Provas documentais dizem que minha mãe já escrevia suas palavras tão universais quanto pessoais, as quais não cabiam em seu corpo humano, mas cabiam nas folhas em branco. Tal probabilidade de que herdei pelo menos alguma coisa de uma árvore genealógica inteira, tal probabilidade faz dos testes de DNA uma tecnologia ultrapassada, tal que poderíamos ter sido uma família rica em relações econômicas, apenas em investimento do escrever. Poderia ter nascido no tal “berço de ouro” e ter alguma herança há ganhar, mas essa chance já perdi. Herdei o que não deveria ter herdado, nunca irei perder e nem se quer ou quis ter ganhado: não caber-me em mim e muito menos, na minha voz, o que me resta é essa mania de escrever em qualquer lugar, em qualquer folha de papel ou em qualquer lugar, diríamos que, escrítivel.

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